sexta-feira, 30 de abril de 2010

Confissão e Arrependimento

Por Fernanda Santiago Valente

“O que encobre as suas transgressões jamais prosperará, mas o que confessa e deixa alcançará misericórdia” (Provérbios 28.13)

Davi reconheceu sua fragilidade e seu pecado ao ver a santidade de Deus.
Deus revela todos os pecados que nós encobrimos e encobre todos os pecados que nós lhe revelamos.
Por isso, quero deixar aqui uma das orações mais lindas da Bíblia, que está em Salmos 51. A oração que Davi fez pedindo perdão a Deus depois que Natã o confrontou acerca do seu adultério com Bete-Seba. É importante lembrar que Deus conhece um coração arrependido, e através do arrependimento, Deus faz novas todas as coisas.

[Salmo de Davi para o músico-mor, quando o profeta Natã veio a ele, depois dele ter possuído a Bate-Seba] Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias.
2 Lava-me completamente da minha iniqüidade, e purifica-me do meu pecado.
3 Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.
4 Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares.
5 Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.
6 Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria.
7 Purifica-me com hissope, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve.
8 Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste.
9 Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniqüidades.
10 Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.
11 Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo.
12 Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário.
13 Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão.
14 Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua louvará altamente a tua justiça.
15 Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor.
16 Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos.
17 Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.
18 Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalém. 1
9 Então te agradarás dos sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então se oferecerão novilhos sobre o teu altar.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sentimentos

Por Fernanda Santiago Valente

Ódio
        Rancor
                    Aflição
                                Medo
                                            
Fazem de mim um veneno
Fazem de mim um segredo
              (do amor)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Confiar em Deus

Por Fernanda Santiago Valente

Muitas vezes sentimos a nossa alma abatida. É aquela sensação de falta de paz e esperança que de repente aparece sem avisar. Nessas situações nos sentimos sozinhos, parece que não existe ninguém para nos ajudar.
Quando perdemos a confiança nas pessoas que estão ao nosso redor, geralmente nos sentimos machucados, sem forças para confiar em mais ninguém. Acontece que Deus é a nossa força, a nossa fortaleza, socorro sempre presente.
Se estamos passando por este tipo de problema é porque Deus tem algo a nos ensinar. Todos sempre irão nos decepcionar. Sempre! Até nós decepcionaremos alguém. Não estamos livres das decepções. É por isso, que existe o perdão, que arrancará toda amargura e rancor do nosso coração.
Deus é o primeiro a perdoar as nossas fraquezas quando nos sentimos sem chão, sem motivação, sem fé...
As misericórdias se renovam a cada manhã e hoje, por favor, vamos confiar em Deus? Vamos esquecer o que passou e olhar adiante? Vamos avançar!

Precisamos ouvir novas músicas, sentir novos cheiros e usar novas cores.
Hoje! Hoje! Hoje! Tudo novo!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Para a TPM!

Por Fernanda Santiago Valente

Quero um copo de leite, duas colheres de Nescau.
Um biscoito recheado de chocolate
Uma barra de chocolate. Pode ser o Charge, pode ser o Galak.
E quero também um sorvete Corneto
Mas por favor, não me peça o pedacinho da pontinha dele
Eu quero a pontinha do CORNETO
Só pra mim...

TPM. TPM. TPM...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

ELE só quer o seu AMOR...

Por Fernanda Santiago Valente

ELE te ama tanto, mas tanto, que quando você volta para ELE, lhe faz uma FESTA.
Existem períodos que nos afastamos de Deus. Só percebemos que estamos distantes DELE quando nos sentimos pequenos, nos sentimos envergonhados, escondidos, simplesmente porque deixamos a nossa própria força nos dominar.
Precisamos aprender a ser dependentes de Deus. Fazer a vontade DELE em nossas vidas. Mas como? Se somos tão teimosos e desobedientes...Neste momento em que caímos em si, temos uma escolha a fazer: ou continuamos a seguir com o nosso orgulho, dependendo da nossa força, ou deixamos Jesus nos conduzir...
Nos conduzir para uma nova dança,
De paz,
Alegria,
Amor...
Um amor que não se mede.

Jesus já esqueceu os seus pecados. Você ainda não? Volte-se para ELE.

Sofonias 3.17 O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo.
18 Os que estão entristecidos por se acharem afastados das festas solenes, eu os congregarei, estes que são de ti e sobre os quais pesam opróbrios.


(Obrigada Senhor, por falar ao meu coração)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Precisamos ou devemos orar?

Por Fernanda Santiago Valente


Temos pressa em orar apenas quando necessitamos de algo. Buscamos Deus apenas nos momentos em que o mundo desaba sobre a nossa cabeça, quando perdemos alguém querido, quando a doença bate em nossa porta, quando estamos desempregados, quando estamos deprimidos... Sentimos que precisamos de Deus quando enxergamos que a nossa causa está quase perdida.
A nossa vida seria muito melhor se mudássemos o preciso orar para o devo orar.
O dever orar é acordar já agradecendo pelo novo dia, agradecer a Deus pela sua vida e de todas as pessoas que estão ao seu redor, agradecer pelo tempo, agradecer pelo seu trabalho e por tudo o que ainda irá acontecer ao decorrer do dia, pedindo a orientação divina. Lógico que receberemos notícias ruins e cometeremos alguns erros, mas começando o dia com uma oração, faz com que Deus nos direcione todo o momento, com clareza e entendimento. Só Deus tem o poder de nos orientar e nos dar forças para cumprirmos todas as tarefas diárias; cumprir os deveres que nos traz realizações:
_Posso me cansar ao fazer uma faxina em casa, mas é gratificante sentir o cheirinho de limpeza no ar após a conclusão. É um dever cumprido.
_Executar num curto prazo de tempo o que um chefe me determinou pode ser cansativo, mas se eu me empenhar em cumpri-lo, ouvirei elogios, serei promovida. Isso será gratificante. Mais um dever cumprido.
_Elogiar a vida, sorrir e amar as pessoas que me cercam, me comunicar com todos, fazendo disso o meu dever, transformarei tudo isso em recompensa, pois transmitindo coisas boas as receberei de volta. Serão muitas gratificações.
Meu dever: orar
Porque preciso cumprir tudo o que pedi a Deus.
Preciso orar todo o tempo, não só nos momentos difíceis!
Que orar seja o nosso dever diário!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Para edificar a vida

Tive uma terça-feira muito chata. Um daqueles dias que fiquei de mal comigo mesmo. Mas encontrei palavras que fizeram o meu dia valer a pena, em dois blogs que li. Recomendo a todas mocinhas de plantão. Agradeço a Alessandra por ser uma pessoa muito especial, cheia de palavras divinas e que agora faz parte do meu ciclo de amizades. Visite o blog da Alessandra, e o da Shirlei, o feminina, maravilhoso.


 "Não queira construir a sua felicidade em cima da infelicidade dos outros"


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Salvos da Perfeição

Por Fernanda Santiago Valente

“Quem se aproximar de Jesus para resolver um problema não vai agüentar muito tempo. Quem se aproximar de Jesus apenas para receber uma cura, sair de uma enrascada, superar uma dívida, arrumar emprego, logo, logo vai achar Jesus insuportável. Porém, quem procura-lo para saciar sua fome de amor, fome de humanidade, jamais terá fome outra vez”

(Salvos da Perfeição, de Elienai Cabral Jr. pág 89)

Recomendo este livro para todos aqueles que querem ter uma aproximação mais íntima com Jesus. É um livro para entendermos o verdadeiro significado do amor e amar os que são imperfeitos. Afinal, quem for perfeito que atire a primeira pedra.

Visite o blog do autor: http://elienaijr.wordpress.com/

sábado, 17 de abril de 2010

A imagem de hoje (lembrança)

Por Fernanda Santiago Valente

Fortaleza da Barra. Aquele solzinho básico. O grupo de teatro. Os meus ensaios. Interpretar personagens ou ser a Fernanda? Ser ou não ser? Eis a questão (como dizia Hamlet, de Shakespeare). A Fernanda calada, peguiçosa, amiga, mergulhada em livros, filmes, revistas e poesias. A Fernanda.

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Lembrei que o meu pai me ensinou a desenhar.
Eu desenhava palhaços
Eu desenhava meus amigos...
Acho que eu ainda sei desenhar palhaços e amigos

Ps: Momento auto análise no meu divã: escrever é a minha terapia.
Não precisa entender nada.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Homens e Mulheres

Por Fernanda Santiago Valente

As mulheres de hoje são determinadas, inteligentes, prestativas e muito eficientes em seus trabalhos. Por conta disso, os homens tem sentido medo e não admitem que elas possuam idéias brilhantes.
Elas não são apenas donas de casa, mas são mães e pai ao mesmo tempo e aprenderam a ser independentes. O homem com o seu orgulho soberbo parou de elogiar a mulher e de ser cavalheiro. Com isso, nasceu a disputa entre a formação de papéis entre homens e mulheres. Parece que já não existe mais respeito entre ambos.
As mulheres em geral procuram um homem romântico, amigo e sensível as suas escolhas. Alguém que a apóie em suas decisões. Já os homens querem uma mulher que fique de boca calada, longe de opiniões e que esteja sempre de pernas abertas a sua espera e além de tudo, não pode possuir mais inteligência que eles.
Muitos criticam o posicionamento de algumas mulheres que decidiram viver independentemente, mas nunca criticaram os homens que fizeram que isso acontecesse:
_ o marido infiel
_ as bebidas
_ as agressões
_ o ato machista de repreender
As mulheres de hoje sentem um grande vazio, pois sabem que são seres de valor. Elas tentam lutar sozinhas, tentam mostrar que também podem ser infiéis, tentam chamar a atenção bebendo e até mesmo agredindo, mas elas são cristais. O cristal é transparente e quebra com muita facilidade. No entanto, os homens precisam entender que as mulheres não querem exercer seus papeis, mas querem apenas, atenção, dividir seus ideais, sonhos e conquistas.
As mulheres estão cansadas da “imaturidade dos homens” que muitas vezes só pensam com o pênis. Elas não querem ser vistas como as atrizes de propagandas de cervejas, nas quais são rotuladas como peitudas loiras turbinadas apenas para as farras. As mulheres que prestam a aceitar esse tipo de cena apenas se acostumaram com o fato machista.
Eu não aceito ser vista como um produto que se consome e logo mais se joga fora. Não! Sou muito além do que os homens imaginam...
Sou mulher, sensível, inteligente, amiga, batalhadora, esposa, conquistadora. O homem que está comigo? Me escuta, me entende, e me conta seus mais assustadores pesadelos... e que sirva de exemplo aos outros.
Pois os homens precisam entender o interior do ser feminino.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Oração e Sexo

Por Fernanda Santiago Valente

Já ouvi muitos cristãos dizerem que freqüentar motel é pecado.
...que usar langerie vermelha e fazer sexo de luz acesa é pecado.
...que depilar as pernas ou qualquer pelo do corpo feminino é pecado.
...que usar saias acima dos joelhos é pecado.
...que fazer sexo oral é pecado.
...que sentir prazer é pecado.
...que usar maquiagem é pecado.
...que pintar as unhas de vermelho é pecado.
...que cortar os cabelos é pecado.
...que falar de sexo é pecado.
...que Deus abomina o sexo.
Já ouvi dizerem tudo isso...
Confesso, que então, estou cheia de pecado. Desde quando amar é pecado? Deus criou o sexo para que os casais pudessem sentir prazer. O que Deus não tolera é uma terceira, quarta ou quinta pessoa entrar no relacionamento de um casal. Oração e sexo combinam perfeitamente. Orar para que o sexo seja prazeroso na relação é o caminho para todos que buscam uma relação sadia. Por isso, não se sinta culpado em de vez em quando ir a um motel, usar uma langerie sensual e trocar diálogo com seu parceiro sobre a sua intimidade. Ambos devem dar prazer um ao outro, pois isso é divino e não é pecado. E o que a Bíblia diz sobre isso:

Provérbios 5:18-19 “Seja bendito o teu manancial; e regozija-te na mulher da tua mocidade. Como corça amorosa, e graciosa cabra montesa saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê encantado perpetuamente.”
(isso por acaso não é sexo oral?)

1 Coríntios 7:3-4 “O marido pague à mulher o que lhe é devido, e do mesmo modo a mulher ao marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido; e também da mesma sorte o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher.”
(aqui não está bem claro que temos que explorar o corpo do nosso parceiro?)

1 Coríntios 7:5 “Não vos negueis um ao outro, senão de comum acordo por algum tempo, a fim de vos aplicardes à oração e depois vos juntardes outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.”
(aqui, orar... Orar para que o sexo não acabe. O que o diabo não quer é que você sinta prazer. Por isso, ore.)

Para ler indico o livro O cristão e o prazer sexual, de Calvino Coutinho Fernandes, cristão e terapeuta sexual

Assuntos como Sexo na Terceira Idade, em Desejo Sexual, Disfunções Sexuais (Masculinas e Femininas) ou Deficiência Física e Sexualidade, etc... são assuntos importantíssimos abordados. Se você tem alguma dúvida na área sexual, com certeza ela será respondida na leitura deste livro. O livro pode ser encontrado em diversas livrarias e sites da internet. Clique aqui para comprar o livro direto pela editora.
O Dr. Calvino também tem um blog. Confira: http://calvinofernandes.blogspot.com/

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O meu gato preto

Quando eu tinha uns 18 anos tive um gato preto chamado Poe. Ele era lindo e muito esperto. Quando eu pedia um beijo, ele me lambia. O danado me levava até o ponto de ônibus quando eu ia para a faculdade. Me arrependi de ter colocado o nome do bichinho de Poe, pois morreu envenenado por algum infeliz que não gosta de gatos. (não sei se a tragédia foi influenciada pelo maldito conto do Gato Preto)
Sempre gostei de ler os contos terríveis de Edgar Allan Poe, pois me dava medo. No livro "Estórias extraordinárias de Edgar Allan Poe" você poderá encontrar vários contos horrorosos... horrorosos, bem escritos e que nos faz ficar com medo. Na internet, alguns sites disponibilizam alguns dos contos:

Deixo aqui um dos meus contos preferidos de Poe

O gato preto

Não espero nem solicito o crédito do leitor para a tão extraordinária e no entanto tão familiar história que vou contar. Louco seria esperá-lo, num caso cuja evidência até os meus próprios sentidos se recusam a aceitar. No entanto não estou louco, e com toda a certeza que não estou a sonhar. Mas porque posso morrer amanhã, quero aliviar hoje o meu espírito. O meu fim imediato é mostrar ao mundo, simples, sucintamente e sem comentários, uma série de meros acontecimentos domésticos. Nas suas consequências, estes acontecimentos aterrorizaram-me, torturaram-me, destruíram-me. No entanto, não procurarei esclarecê-los. O sentimento que em mim despertaram foi quase exclusivamente o de terror; a muitos outros parecerão menos terríveis do que extravagantes. Mais tarde, será possível que se encontre uma inteligência qualquer que reduza a minha fantasia a uma banalidade. Qualquer inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que a minha encontrará tão somente nas circunstâncias que relato com terror uma sequência bastante normal de causas e efeitos.
Já na minha infância era notado pela docilidade e humanidade do meu carácter. Tão nobre era a ternura do meu coração, que eu acabava por tornar-me num joguete dos meus companheiros. Tinha uma especial afeição pelos animais e os meus pais permitiam-me possuir uma grande variedade deles. Com eles passava a maior parte do meu tempo e nunca me sentia tão feliz como quando lhes dava de comer e os acariciava. Esta faceta do meu carácter acentuou-se com os anos, e, quando homem, aí achava uma das minhas principais fontes de prazer. Quanto àqueles que já tiveram uma afeição por um cão fiel e sagaz, escusado será preocupar-me com explicar-lhes a natureza ou a intensidade da compensação que daí se pode tirar. No amor desinteressado de um animal, no sacrifício de si mesmo, alguma coisa há que vai direito ao coração de quem tão frequentemente pôde comprovar a amizade mesquinha e a frágil fidelidade do homem.
Casei jovem e tive a felicidade de achar na minha mulher uma disposição de espírito que não era contrária à minha. Vendo o meu gosto por animais domésticos, nunca perdia a oportunidade de me proporcionar alguns exemplares das espécies mais agradáveis. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um lindo cão, coelhos, um macaquinho, e um gato.
Este último era um animal notavelmente forte e belo, completamente preto e excepcionalmente esperto. Quando falávamos da sua inteligência, a minha mulher, que não era de todo impermeável à superstição, fazia frequentes alusões à crença popular que considera todos os gatos pretos como feiticeiras disfarçadas. Não quero dizer que falasse deste assunto sempre a sério, e se me refiro agora a isto não é por qualquer motivo especial, mas apenas porque me veio à ideia.
Plutão, assim se chamava o gato, era o meu amigo predilecto e companheiro de brincadeiras. Só eu lhe dava de comer e seguia-me por toda a parte, dentro de casa. Era até com dificuldade que conseguia impedir que me seguisse na rua.
A nossa amizade durou assim vários anos, durante os quais o meu temperamento e o meu carácter sofreram uma alteração radical - envergonho-me de o confessar - para pior, devido ao demónio da intemperança. De dia para dia me tornava mais taciturno, mais irritável, mais indiferente aos sentimentos dos outros. Permitia-me usar de uma linguagem brutal com minha mulher. Com o tempo, cheguei até a usar de violência. Evidentemente que os meus pobres animaizinhos sentiram a transformação do meu carácter. Não só os desprezava como os tratava mal. Por Plutão, porém, ainda nutria uma certa consideração que me não deixava maltratá-lo. Quanto aos outros, não tinha escrúpulos em maltratar os coelhos, o macaco e até o cão, quando por acaso ou por afeição se atravessavam no meu caminho.
Mas a doença tomava conta de mim - pois que doença se assemelha à do álcool? - e, por fim, até o próprio Plutão, que estava a ficar velho e, por consequência, um tanto impertinente, até o próprio Plutão começou a sentir os efeitos do meu carácter perverso.
Certa noite, ao regressar a casa, completamente embriagado, de volta de um dos tugúrios da cidade, pareceu-me que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, horrorizado com a violência do meu gesto, feriu-me ligeiramente na mão com os dentes. Uma fúria dos demónios imediatamente se apossou de mim. Não me reconhecia. Dir-se-ia que a minha alma original se evolara do meu corpo num instante e uma ruindade mais do que demoníaca, saturada de genebra, fazia estremecer cada uma das fibras do meu corpo. Tirei do bolso do colete um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pelo pescoço e, deliberadamente, arranquei-lhe um olho da órbita! Queima-me a vergonha e todo eu estremeço ao escrever esta abominável atrocidade.
Quando, com a manhã, me voltou a razão, quando se dissiparam os vapores da minha noite de estúrdia, experimentei um sentimento misto de horror e de remorso pelo crime que tinha cometido. Mas era um sentimento frágil e equívoco e o meu espírito continuava insensível. Voltei a mergulhar nos excessos, e depressa afoguei no álcool toda a recordação do acto.
Entretanto, o gato curou-se lentamente. A órbita agora vazia apresentava, na verdade, um aspecto horroroso, mas o animal não aparentava qualquer sofrimento. Vagueava pela casa como de costume, mas, como seria de esperar, fugia aterrorizado quando eu me aproximava. Porém, restava-me ainda o suficiente do meu velho coração para me sentir agravado por esta evidente antipatia da parte de um animal que outrora tanto gostara de mim. Em breve este sentimento deu lugar à irritação. E para minha queda final e irrevogável, o espírito da PERVERSIDADE fez de seguida a sua aparição. Deste espírito não cura a filosofia. No entanto, não estou mais certo da existência da minha alma do que do facto que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano; uma dessas indivisas faculdades primárias, ou sentimentos, que deu uma direcção ao carácter do homem. Quem se não surpreendeu já uma centena de vezes cometendo uma acção néscia ou vil, pela única razão de saber que a não devia cometer? Não temos nós uma inclinação perpétua, pese ao melhor do nosso juízo, para violar aquilo que constitui a Lei, só porque sabemos que o é? E digo que este espírito de perversidade surgiu para minha perda final. Foi este anseio insondável da alma por se atormentar, por oferecer violência à sua própria natureza, por fazer o mal só pelo mal, que me forçou a continuar e, finalmente, a consumar a maldade que infligi ao inofensivo animal. Certa manhã, a sangue-frio, passei-lhe um nó corredio ao pescoço e enforquei-o no ramo de uma árvore; enforquei-o com as lágrimas a saltarem-me dos olhos e com o mais amargo remorso no coração; enforquei-o porque sabia que me tinha tido afeição e porque sabia que não me tinha dado razão para a torpeza; enforquei-o porque sabia que ao fazê-lo estava cometendo um pecado, um pecado mortal que comprometia a minha alma imortal a ponto de a colocar, se tal fosse possível, mesmo para além do alcance da infinita misericórdia do Deus Mais Piedoso e Mais Severo.
Na noite do próprio dia em que este acto cruel foi perpetrado, fui acordado do sono aos gritos de «Fogo!». As cortinas da minha cama estavam em chamas; toda a casa era um braseiro. Foi com grande dificuldade que minha mulher, uma criada e eu conseguimos escapar do incêndio. A destruição foi completa. Todos os meus bens materiais foram destruídos, e daí em diante mergulhei no desespero.
Sou superior à fraqueza de procurar estabelecer uma sequência de causa a efeito entre a atrocidade e o desastre. Limito-me, porém, a narrar uma cadeia de acontecimentos e não quero deixar nem um elo sequer incompleto. Nos dias que se sucederam ao incêndio, visitei as ruínas. As paredes, à excepção de uma, tinham abatido por completo. Esta excepção era constituída por um tabique interior, não muito espesso, que estava sensivelmente a meio da casa, e de encontro ao qual antes ficava a cabeceira da minha cama. O reboco resistira em grande parte à acção do fogo, facto que atribuo a ter sido pouco antes restaurado.
Próximo desta parede juntara-se uma densa multidão e muitas pessoas pareciam estar a examinar certa zona em particular, com minúcia e grande atenção. A minha curiosidade foi despertada pelas palavras «estranho», «singular» e outras expressões semelhantes. Aproximei-me e vi, como se fora gravado em baixo revelo, sobre a superfície branca, a figura de um gato gigantesco. A imagem estava desenhada com uma precisão realmente espantosa. Em volta do pescoço do animal estava uma corda.
Mal vi a aparição, pois nem podia pensar que doutra coisa se tratasse, o meu assombro e o meu terror foram imensos. Por fim, a reflexão veio em meu auxílio. Lembrei-me que o gato fora enforcado num jardim junto à casa. Após o alarme de incêndio, O dito jardim fora imediatamente invadido pela multidão e por alguém que deve ter cortado a corda do gato e o deve ter lançado para dentro do meu quarto, por uma janela aberta. Isto deve ter sido feito, provavelmente, com a intenção de me acordar. A queda das outras paredes tinha comprimido a vítima da minha crueldade na substância do reboco recentemente aplicado e cuja cal, combinada com as chamas e o amoníaco do cadáver, tinha produzido a imagem tal como eu a via.
Tendo assim satisfeito prontamente a minha razão - que não totalmente a minha consciência - sobre o facto extraordinário atrás descrito, não deixou este, no entanto, de causar profunda impressão na minha imaginação. Durante meses não consegui libertar-me do fantasma do gato, e, durante este período, voltou-me ao espírito uma espécie de sentimento que parecia remorso, mas que o não era. Cheguei ao ponto de lamentar a perda do animal e a procurar à minha volta, nos sórdidos tugúrios que agora frequentava com assiduidade, um outro animal da mesma espécie e bastante parecido que preenchesse o seu lugar.
Uma noite, estava eu sentado meio aturdido num antro mais do que infamante, a minha atenção foi despertada por um objecto preto que repousava no topo de um dos enormes toneis de gin ou de rum que constituíam o principal mobiliário do compartimento. Havia minutos que olhava para a parte superior do tonel, e o que agora me causava surpresa era o facto de não me ter apercebido mais cedo do objecto que estava em cima. Aproximei-me e toquei-lhe com a mão. Era um gato preto, um gato enorme, tão grande como Plutão e semelhante a ele em todos os aspectos menos num. Plutão não tinha sequer um único pêlo branco no corpo, enquanto este gato tinha uma mancha branca, grande mas indefinida, que lhe cobria toda a região do peito.
Quando lhe toquei, imediatamente se levantou e ronronou com força, roçou-se pela minha mão, e parecia contente por o ter notado. Era este, pois, o animal que eu procurava. Imediatamente propus a compra ao dono, mas este nada tinha a reclamar pelo animal, nada sabia a seu respeito, nunca o tinha visto até então.
Continuei a acariciá-lo, e quando me preparava para ir para casa, o animal mostrou-se disposto a acompanhar-me. Permiti que o fizesse, inclinando-me de vez em quando para o acariciar enquanto caminhava. Quando chegou a casa, adaptou-se logo e logo se tornou muito amigo da minha mulher
Pela minha parte, não tardou em surgir em mim uma antipatia por ele. Era exactamente o reverso do que eu esperava, mas, não sei como nem porquê, a sua evidente ternura por mim desgostava-me e aborrecia-me. Lentamente, a pouco e pouco, esses sentimentos de desgosto e de aborrecimento transformaram-se na amargura do ódio. Evitava o animal; um certo sentimento de vergonha e a lembrança do meu anterior acto de crueldade impediram-me de o maltratar fisicamente. Abstive-me, durante semanas, de o maltratar ou exercer sobre ele qualquer violência, mas, gradualmente, muito gradualmente, cheguei a nutrir por ele um horror indizível e a fugir silenciosamente da sua odiosa presença como do bafo da peste.
O que aumentou, sem dúvida, o meu ódio pelo animal foi descobrir, na manhã do dia seguinte a tê-lo trazido para casa, que, tal como Plutão, tinha também sido privado de um dos seus olhos. Esta circunstância, contudo, mais afeição despertou na minha mulher, que, como já disse, possuía em alto grau aquele sentimento de humanidade que fora em tempos característica minha e a fonte de muitos dos meus prazeres mais simples e mais puros.
Com a minha aversão pelo gato parecia crescer nele a sua preferência por mim. Seguia os meus passos com uma pertinácia que seria difícil fazer compreender ao leitor. Sempre que me sentava, enroscava-se debaixo da minha cadeira ou saltava-me para os joelhos, cobrindo-me com as suas repugnantes carícias. Se me levantava para caminhar, metia-se-me entre os pés e quase me fazia cair ou, fincando as suas garras compridas e aguçadas no meu roupão, trepava-me até ao peito. Em tais momentos, embora a minha vontade fosse matá-lo com uma pancada, era impedido de o fazer, em parte pela lembrança do meu crime anterior mas, principalmente, devo desde já confessá-lo, por um verdadeiro medo do animal.
Este medo não era exactamente o receio de um mal físico; no entanto, é me difícil defini-lo de outro modo. Quase me envergonhava admitir - sim, mesmo aqui, nesta cela de malfeitor, eu me envergonho de admitir - que o terror e o horror que o animal me infundia se viam acrescidos de uma das fantasias mais perfeitas que é possível conceber. Minha mulher tinha-me chamado várias vezes a atenção para o aspecto da mancha de pêlo branco de que já falei, e que era a única diferença aparente entre o estranho animal e aquele que eu tinha eliminado. O leitor lembrar-se-á que esta marca, embora grande, era, originariamente, bastante indefinida, mas, gradualmente, por fases quase imperceptíveis e que durante muito tempo a minha razão lutou por rejeitar como fantasiosas, assumira, finalmente, uma rigorosa nitidez de contornos. Era agora a imagem de um objecto que me repugna mencionar, e por isso eu o odiava e temia acima de tudo, e ter-me-ia visto livre do monstro se o ousasse. Era agora a imagem de uma coisa abominável e sinistra: a imagem da forca!, oh!, lúgubre e terrível máquina de horror e de crime, de agonia e de morte.
Por essa altura, eu era, na verdade, um miserável maior do que toda a miséria humana. E um bruto animal cujo semelhante eu destruíra com desprezo, um bruto animal a comandar-me, a mim, um homem, feito à imagem do Altíssimo - oh!, desventura insuportável. Ah, nem de dia nem de noite, nunca, oh!, nunca mais, conheci a bênção do repouso! Durante o dia o animal não me deixava um só momento. De noite, a cada hora, quando despertava dos meus sonhos cheios de indefinível angústia, era para sentir o bafo quente daquela coisa sobre o meu rosto e o seu peso enorme, incarnação de um pesadelo que eu não tinha forças para afastar, pesando-me eternamente sobre o coração.
Sob a pressão de tormentos como estes, os fracos resquícios do bem que havia em mim desapareceram. Só os pensamentos pecaminosos me eram familiares - os mais sombrios e os mais infames dos pensamentos. A tristeza do meu temperamento aumentou até se tornar em ódio a tudo e à humanidade inteira. Entretanto, a minha dedicada mulher era a vítima mais usual e paciente das súbitas, frequentes e incontroláveis explosões de fúria a que então me abandonava cegamente.
Um dia acompanhou-me, por qualquer afazer doméstico, à cave do velho edifício onde a nossa pobreza nos forçava a habitar. O gato seguiu-me nas escadas íngremes e quase me derrubou, o que me exasperou até à loucura. Apoderei-me de um machado, e desvanecendo-se na minha fúria o receio infantil que até então tinha detido a minha mão, desferi um golpe sobre o animal, que seria fatal se o tivesse atingido como eu queria. Mas o golpe foi sustido diabólicamente pela mão da minha mulher. Enraivecido pela sua intromissão, libertei o braço da sua mão e enterrei-lhe o machado no crânio. Caiu morta, ali mesmo, sem um queixume.
Consumado este horrível crime, entreguei-me de seguida, com toda a determinação, à tarefa de esconder o corpo. Sabia que não o podia retirar de casa, quer de dia quer de noite, sem correr o risco de ser visto pelos vizinhos. Muitos projectos se atropelaram no meu cérebro. Em dado momento, cheguei a pensar em cortar o corpo em pequenos pedaços e destruí-los um a um pelo fogo. Noutro, decidi abrir uma cova no chão da cave. Depois pensei deitá-lo ao poço do jardim, ou metê-lo numa caixa como qualquer vulgar mercadoria e arranjar um carregador para o tirar de casa. Por fim, detive-me sobre o que considerei a melhor solução de todas. Decidi emparedá-lo na cave como, segundo as narrativas, faziam os monges da Idade Média às suas vítimas.
A cave parecia convir perfeitamente aos meus intentos. As paredes não tinham sido feitas com os acabamentos do costume e, recentemente, tinham sido todas rebocadas com uma argamassa grossa que a humidade ambiente não deixara endurecer. Além do mais, numa das paredes havia uma saliência causada por uma chaminé falsa ou por uma lareira que tinha sido entaipada para se assemelhar ao resto da cave. Não duvidei que me seria fácil retirar os tijolos neste ponto, meter lá dentro o cadáver e tornar a pôr a taipa como antes, de modo que ninguém pudesse lobrigar qualquer sinal suspeito.
Não me enganei nos meus cálculos. Com o auxílio de um pé-de-cabra retirei facilmente os tijolos, e depois de colocar cuidadosamente o corpo de encontro à parede interior, mantive-o naquela posição ao mesmo tempo que, com um certo trabalho, devolvia a toda a estrutura o seu aspecto primitivo.
Usando de toda a precaução, procurei argamassa, areia e fibras com que preparei um reboco que se não distinguia do antigo e, com o maior cuidado, cobri os tijolos. Quando terminei, vi com satisfação que tudo estava certo. A parede não denunciava o menor sinal de ter sido mexida. Com o maior escrúpulo, apanhei do chão os resíduos. Olhei em volta, triunfante, e disse para comigo: «Aqui, pelo menos, não foi infrutífero o meu trabalho.»
A seguir procurei o animal que tinha sido a causa de tanta desgraça, pois que, finalmente, tinha resolvido matá-lo. Se o tivesse encontrado naquele momento, era fatal o seu destino. Mas parecia que o astuto animal se alarmara com a violência da minha cólera anterior e evitou aparecer-me na frente, dado o meu estado de espírito. É impossível descrever ou imaginar a intensa e aprazível sensação de alívio que a ausência do detestável animal me trouxe. Não me apareceu durante toda a noite, e deste modo, pelo menos por uma noite, desde que o trouxera para casa, dormi bem e tranquilamente; sim, dormi, mesmo com o crime a pesar-me na consciência.
Passaram-se o segundo e terceiro dias e o meu verdugo não aparecia. Mais uma vez respirei como um homem livre. O monstro, aterrorizado, tinha abandonado a casa para sempre! Nunca mais voltaria a vê-lo!
Suprema felicidade a minha! A culpa da acção tenebrosa inquietava-me pouco. Fizeram-se alguns interrogatórios que colheram respostas satisfatórias. Fez-se inclusivamente uma busca, mas, naturalmente, nada se descobriu. Dava como certa a minha felicidade futura.
No quarto dia após o crime, surgiu inesperadamente em minha casa um grupo de agentes da Polícia que procederam a uma rigorosa busca. Eu, porém, confiado na impenetrabilidade do esconderijo, não sentia qualquer embaraço. Os agentes quiseram que os acompanhasse na sua busca. Não deixaram o mínimo escaninho por investigar. Por fim, pela terceira ou quarta vez, desceram à cave. Nem um músculo me tremeu. O meu coração batia calmamente como o coração de quem vive na inocência. Percorri a cave de ponta a ponta. De braços cruzados no peito, andava descontraído de um lado para o outro. Os agentes estavam completamente satisfeitos e prontos para partir. O júbilo do meu coração era demasiado intenso para que o pudesse suster. Ansiava por dizer pelo menos uma palavra à guisa de triunfo e para tornar duplamente evidente a sua convicção da minha inocência.
- Senhores - disse por fim, quando iam a subir os degraus. - Estou satisfeito por ter dissipado as vossas suspeitas. Desejo muita saúde para todos, e um pouco mais de cortesia. A propósito, esta casa está muito bem construída (e no meu furioso desejo de dizer qualquer coisa com à-vontade, mal sabia o que estava a dizer). Direi, até, que é uma casa excelentemente construída. Estas paredes... vão-se já embora, meus senhores?... Estas paredes estão solidamente ligadas. - E neste momento, por uma frenética fanfarronice, bati com força, com uma bengala que tinha na mão, na parede atrás da qual se encontrava o cadáver da minha querida esposa.
Ah!, que Deus me livre das garras do arquidemónio! Mal tinha o eco das minhas pancadas mergulhado no silêncio, quando uma voz lhes respondeu de dentro do túmulo: um gemido, a princípio abafado e entrecortado como o choro de urna criança, que depois se transformou num prolongado grito sonoro e contínuo, extremamente anormal e inumano. Um bramido, um uivo, misto de horror e de triunfo, tal como só do inferno poderia vir, provindo das gargantas conjuntas dos condenados na sua agonia e dos demónios no gozo da condenação.
Seria insensato falar dos meus pensamentos. Senti-me desfalecer e encostei-me à parede da frente. Tolhidos pelo terror e pela surpresa, os agentes que subiam a escada detiveram-se por instantes. Logo a seguir, doze braços vigorosos atacavam a parede. Esta caiu de um só golpe. O cadáver, já bastante decomposto e coberto de pastas de sangue, apareceu erecto frente aos circunstantes. Sobre a cabeça, com as vermelhas fauces dilatadas e o olho solitário chispando, estava o odioso gato cuja astúcia me compelira ao crime e cuja voz delatora me entregava ao carrasco. Eu tinha emparedado o monstro no túmulo!

domingo, 11 de abril de 2010

No meio do caminho

Óh Drummond, merece até um beijinho...

No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Do livro, Alguma Poesia, de Carlos Drummond de Andrade

Obs: Poema que se tornou popular. Quem é que não tem uma pedra no meio do caminho? No meu caso, tinha uma pedra no meio do caminho. Tinha!

sábado, 10 de abril de 2010

Amor, Amor...


Encontrei o texto no blog de reflexão do meu esposo... Lar interior

Amor Verdadeiro (Por João Thiago)

Quando amamos, muitas coisas fazem mais sentido para nós. Porém, nem tudo. O amor não é uma ciência exata, com equações perfeitas e números redondos. É mais como uma daquelas raízes quadradas com “N” casas atrás da vírgula. Casas que podem mudar tudo, e com valor tão pequeno.
Como amamos? Como escolhemos quem amamos? Para estas perguntas, sempre existe um cientista que vem com uma resposta cheia de tópicos explicando seus feromônios, seu DNA e uma série de reações químicas, além de uma lógica simplista que resume tudo à nossa necessidade de evoluir (escolhemos a mulher certa por conta da largura dos quadris, do tamanho dos seios, da cor dos olhos, etc). Ou um poeta, que vem e fala sobre uma série de sentimentos maravilhosos que tomam nossos corações diante de uma paixão voraz. Para mim, ambas respostas são incompletas.
O amor é uma união entre a razão e o subconsciente com o objetivo único de fazer com que você seja feliz. É um dos recursos que nossa própria mente mimetiza do seu Criador e faz com que nosso corpo obedeça a este estímulo. Não um estímulo químico, mas racional e subconsciente ao mesmo tempo, formando um interessante paradoxo.
Desde crianças aprendemos a gostar de um tipo de menina ou menino. Aprendemos a identificar o que é belo para nós (e isso, por ser um conceito subjetivo é derivado da criação de cada um de nós), o que é agradável. A voz, o cheiro, o sabor, as cores, etc. Aprendemos sobre coisas que gostamos de fazer e coisas que não gostamos, e tudo isso vai se tornando background para escolhermos a pessoa de nossas vidas.
Com toda esta bagagem, nós descobrimos que somos como a metade de algo que precisa ser completado. Uma antiga lenda grega diz que os seres humanos eram formados por duas metades iguais, cada uma com dois olhos, uma boca, duas pernas, dois braços e (gosto de pensar assim) a metade de um coração. Os deuses gregos teriam cortado este ser no meio, pois era muito poderoso. Por conta desta separação, passamos a vida a procurar nossa outra metade. Esta história se cumpre nos versos de Wave “É impossível ser feliz sozinho”.
Não acredito na história (o que é obvio), mas acho a analogia interessante. Duas metades procurando uma à outra. Com tanta gente no mundo é possível encontrar esta outra metade e ser feliz para sempre. Ou não.
Conheço muita gente que encontrou uma metade parecida e se finge satisfeita com isso. Não há como ser feliz assim, já que não nos completamos. O excesso de pessoas na Terra faz com que nós pensemos que uma metade parecida com a nossa possa se encaixar. Tenho ouvido muito a seguinte frase: “Se não der certo o casamento, a gente se separa”. Ou seja, as pessoas se adaptam à metade parecida até por preguiça de buscar a metade perfeita. Vemos tanta gente se desencontrando por aí que não sabemos mais se há segurança na solidão que precede o encontro verdadeiro.
Aos sábados à noite eu trabalho com filmagem de eventos sociais. Mais especialmente casamentos. Vejo, todos os finais de semana, pelo menos um casal se unindo “até que a morte os separe”. Já vi muitos padres, pastores, elderes, juízes e outros sacerdotes ou pessoas a quem o poder foi concedido falando sobre o amor e sobre a paixão. Porém, nada me fala mais alto sobre o amor do que o brilho nos olhos de um noivo esperando sua noiva no altar.
Há algo diferente quando eles levam a sério a sua união, e podemos ver isso refletido em seus olhos. Os noivos, em geral, são as molduras para as noivas, que são os quadros. Mas que belas molduras são quando estão cheios de lágrimas nos olhos ao ouvir os primeiros acordes da marcha nupcial, vendo as portas da igreja se abrir e a sua esperada surgir em todo seu esplendor. Poderia fazer diversas analogias sobre o amor de Cristo, mas não é esta a proposta, estamos falando do amor entre homem e mulher, que Deus criou para estarem juntos.
Diante dos olhos marejados, nós vemos que o amor pode fazer maravilhas. Já vi grandes homens fortes, donos de si, chorando como crianças diante de sua noiva, e eu acredito que a história do “amar-te e respeitar-te todos os dias de nossas vidas, até que a morte nos separe” é real. Eu acredito no amor até o fim, e não nestas teorias absurdas de que o ser humano pode se apaixonar por mais de uma pessoa por vez. Mentira. Amor inclui devoção, renúncia e exclusividade.
Encontrei minha metade perfeita cerca de nove anos atrás. Em um grupo de teatro, cabelos negros, sobrancelhas grossas, olhos marcantes, sorriso perfeito, ela me via como um amigo, mas eu a vi como mulher. Estamos casados até hoje e nosso amor cresce a cada dia. Há momentos tristes e momentos felizes, sim. Porém, “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na prosperidade e na adversidade, todos os dias de nossas vidas, amando-nos, respeitando-nos até que a morte nos uma a Cristo” é real, e não me arrependo nem por um segundo ter feito este voto junto dela. Fernanda me completa, é a metade perdida por quase vinte anos. Hoje, a metade achada.
Nunca desista de buscar o amor verdadeiro. Não se entregue a qualquer amorzinho de esquina. Quando a sua metade chegar, creia, você saberá que é ele não na sua carne, pois amor não é um “negócio de pele”, mas em seu coração, que é o lugar onde você guardará este amor para sempre.

Ps: João Thiago me completa, é a metade perdida por quase vinte anos. Hoje, a metade achada.


sexta-feira, 9 de abril de 2010

As horas

Por Fernanda Santiago Valente

As horas escurecem o tempo,
O tempo assusta o dia
Afirmam as horas!
Que se apressam...
Modificam o rumo
Desviam os desejos,
Envelhecem!
Velhos são os rostos,
Jovens são as mentes
As horas simplesmente passam
As horas atrasam a vida
Fiquemos sem contá-las.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A dor não é colorida

Por Fernanda Santiago Valente

"A maior dor do vento é não ser colorido" (Mario Quintana)

O vento sopra para onde quer. Deus determinou assim. Hoje estamos vivos. Amanhã será um outro dia que jamais saberemos o rumo. Amanhã poderá ser um dia de lágrimas, talvez seja por isso que o vento não pode ser colorido. O amanhã? Não posso me preocupar com o amanhã, pois o vento... ah, o vento! Ele sopra para onde quer e não pode ser colorido.

De colorido? Só conheço a alegria.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dia do Jornalista

Hoje, 7 de abril, não temos nada a comemorar. Nossa categoria foi rebaixada. Qualquer um pode ser jornalista, basta apenas saber escrever.
A Prefeitura de Cabedelo, município da região Metropolitana de João Pessoa, na Paraíba, está promovendo um concurso público que oferece salário de R$ 510,00 para o cargo de jornalista com carga horária de 40 horas semanais.
Quanto custa a mensalidade de um curso de jornalismo? Por acaso é R$510,00? Isso é um absurdo e o pior que é real. Já trabalhei ganhando menos que isso como jornalista. Por causa disso, me especifiquei em outras áreas como web designer e edição de vídeos. Fico muito decepcionada ao ver um monte de gente imbecil executando aquilo que enfrentei quatro anos pagando e estudando para aprender. Jornalismo é uma profissão, o diploma tem que ser exigido sim. Já escrevi um poeminha uma vez... Vou repetir aqui:

Todos podem ser jornalistas...

...Assim como modelo, cozinheiro, ator ou atriz e por aí vai, pois são profissões que não exigem instruções científicas, mas sim habituais, para ser mais específica são profissões que exigem dons artísticos:
Atuar é uma arte;
Dançar é uma arte;
Desenhar é uma arte;
Cantar é uma arte;
Cozinhar é uma arte;
Costurar é uma arte;
Assim como escrever também é uma arte
Artista não precisa de diploma
Artista nasce artista
Artista é um jornalista
Que escreve poesias;
Ou grandes reportagens em jornais e revistas;
Que investiga e entrevista
Jornalista também é fofoqueiro
Invade o espaço das celebridades, políticos ou de algum incêndio;
Pois tudo é notícia para qualquer interesseiro
As notícias acontecem nas esquinas do mundo inteiro
E só um artista desses para desvendar muitos segredos
Basta se aprofundar nas pesquisas porque jornalista
Estuda a história, procura os fatos
Jornalista é fotógrafo e cinegrafista
Porque as imagens às vezes valem mais que as palavras
Jornalista é roteirista
De novelas, telejornais e até de cinema
Jornalista é um produtor e editor
É também escritor
E por que não um artista?
O Jornalista costura idéias;
Desenha fatos;
Canta os entrevistados;
Cozinha as notícias;
Enfim, atua nas palavras
Com diploma ou sem diploma
Não são todos que podem ser jornalista
Médicos, psicólogos, advogados, economistas são especialistas
Mas jamais jornalistas
O Jornal A Folha de São Paulo diz:
No Brasil, 79.923 é o número de jornalistas credenciados
8.486 é o número dos jornalistas sem diploma
450 é o número de cursos de jornalismo
E disse ainda que critica a exigência do diploma
Com isso, quero ser cronista da Folha
Pois viva a Liberdade de Expressão!

terça-feira, 6 de abril de 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mentes Tranquilas, Almas Felizes

Por Fernanda Santiago Valente

É o mais novo livro de Joyce Meyer, uma das líderes cristãs mais influentes dos Estados Unidos. Neste livro a autora ensina a dominarmos a nossa mente, ensina a jogarmos fora todos aqueles pensamentos que são destrutivos em nosso dia a dia. Arrancar os sentimentos que nos atrapalham como o orgulho, amargura, ódio, julgamento e crítica, trapaça e mentiras, raiva, rebelião, inquietação, medo e negatividade em nossos relacionamentos, seja no lar, trabalho, igreja ou outras situações são ensinamentos de mudanças que Joyce propõe para as nossas vidas.
Trocar o orgulho pela humildade é o primeiro passo para quem quer ter uma vida repleta de pensamentos tranqüilos. Joyce explica que a discórdia começa através do nosso orgulho, a nossa mania de achar que estamos sempre certos. Viver o tempo todo controlando as pessoas e o mundo através da nossa força, não nos faz bem, pois assim, estamos discordando sempre das pessoas. “A discórdia mata a benção e a força de Deus”, pág 39.
Outro problema que nos torna prisioneiros de nós mesmos é a insegurança. Uma pessoa insegura envenena a vida de muitas pessoas e é por isso, que devemos aprender a confiar em Deus. O estresse gerado através da nossa insegurança com o mundo nos trás pensamentos negativos: “Ainda que pensamentos, palavras, emoções e relacionamentos negativos possam causar estresse - e que o estresse possa causar doença -, pensamentos, palavras, emoções e relacionamentos positivos podem trazer saúde e cura. Pense no que dizem as Escrituras: “O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos”(Provérbios 14.30). Distúrbios emocionais como a raiva, a inveja e o ciúme corroem uma boa saúde e um corpo são. Uma mente calma e pacífica leva saúde a todo ser”. pág. 61
A autora explica ainda que quando matamos a nossa vida espiritual, damos lugar a nossa carne. Nisso, geramos discórdias com nós mesmos, com Deus e com os outros. Falando de suas experiências pessoais, Joyce relata todos os tipos de sentimentos que foram tratados em sua vida, em relação a vida conjugal, relacionamento com seus filhos, com sua igreja e trabalho:
“Outro modo de desfrutar de relacionamentos harmoniosos é aprender a focalizar os pontos fortes da pessoa e não suas fraquezas. De fato, se mais casais aprendessem a fazer isso, haveria muito menos divórcios.” pág 106
“Se você ama seus filhos, liberte-os, aceitando-os como são. Se seu amor for verdadeiro, eles voltarão para você” pág 124.
Viver em paz com si mesmo e com os outros é a lição principal deste livro. Se você está vivendo a desarmonia e a discórdia em sua vida, descubra neste livro as facetas do amor que matam a discórdia: paciência, bondade, generosidade, humildade, cortesia. Altruísmo, temperamento afável, inocência, sinceridade. Descubra como funciona cada um desses temperamentos e esteja proposto a encarar as mudanças do dia a dia. A mudança que nosso chefe, amigos, líderes, cônjuge e outros propõe e que ao invés de entregarmos tais mudanças nas mãos de Deus, geramos discórdias e conflitos.
“Mudanças no lar, no trabalho ou na igreja podem produzir enorme estresse, o que nos deixa mais vulneráveis à discórdia. Precisamos estar alertas durantes tais períodos e prosseguir, confiando a Deus a situação para que seu poder e suas bênçãos possam fluir sem obstáculos para nossas vidas” pág 162

Sobre a autora: Joyce Meyer é autora Best-seller do The New York Times e já escreveu mais de 70 livros, ministrando aproximadamente 20 conferências por ano. Os Ministérios Joyce Meyer já se espalharam por todo o mundo, com escritórios nos EUA, Austrália, Canadá, Brasil, Inglaterra, Índia, Rússia, África do Sul. Já vendeu mais de 2,5 milhões de livros, além de 1 milhão de exemplares doados em todo o mundo. Seus programas de rádio e TV, Desfrutando a vida diária, são transmitidos internacionalmente. Além de doutora em divindade pela Universidade Oral Roberts, é também Phd em Teologia pela Universidade da Vida Cristã em Tampa, Florida. Em 2005, a revista Time a incluiu entre os 25 líderes cristãos mais influentes dos EUA.