segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Independência, isolamento, conexão...

Por Fernanda Santiago Valente

As pessoas estão em suas casas, nos seus trabalhos, nas ruas. Juntas ou sozinhas? Vejo cada dia alguém da minha família ou algum amigo torna-se independente. Eles batem no peito: _Quero realizar as minhas vontades, morar longe, conhecer novos rumos, e, viver a minha vida, não quero nem pai, nem mãe, nem mulher ou homem se intrometendo na minha vida. EU vivo a minha VIDA.
Eu pergunto: _Que porcaria de vida?
Isso é o que vejo atualmente. O EU está em primeiro lugar: _Formar família? Pra quê? O mundo é uma loucura. Pra quer ter filhos se poderão me matar? E sustentar? Filhos custam caro demais sabia? Eu quero é aproveitar.
Eu pergunto: _Aproveitar o que? A independência?
A música do Capital Inicial chamada “Independência” reflete o que sinto. “Procuramos independência, acreditamos na distancia entre nós”



Vi isso num amigo que decidiu largar a vida cheia de amor da casa dos pais e viver independentemente. Pra quê? Aí ouvi de outro amigo: _Deixa eu morar aqui com seus pais? Se ele não quer eu quero tia!
É! Não estamos enxergando o que temos. A vida é pura vaidade. As pessoas querem mostrar às outras: quem é mais independente? Olha só que lindo!
Eu particularmente não vejo nada lindo. Será que é porque gosto de estar junto com a família? Minha família é minha mãe, meu irmão, minha cunhada, minha sobrinha e meus avós (e eu moro só com os meus avós). Claro que ninguém é perfeito, vivemos brigando e nos abraçando e sempre noto a cara de tristeza dos meus avós: Cadê nossos outros filhos?
Eu respondo: _São independentes vó! INDEPENDENTES!
Às vezes converso com Deus e pergunto: _Nasci na época errada né Senhor? Queria tanto ter nascido naquela época que moravam pais, filhos, noras, netos todos juntos naqueles casarões de vários quartos e jardins imensos. Penso naquela mesa de café da manhã gigante e a família toda reunida. Hoje? Uma pessoa mora só no seu luxuoso apartamento de três dormitórios em frente à praia e não querem receber ninguém em seus lares porque preferem a PRIVACIDADE.
Uma PRIVACIDADE egoísta demais em minha opinião. Lógico que todos nós necessitamos de privacidade. Eu mesmo gosto de separar um tempinho para isso todos os dias, em minhas caminhadas, orações, leituras ou escritas. Mas e essa independência absurda que todos hoje em dia almejam? Por que dizem que não precisam de ninguém? Por quê? Não estou falando da independência em ter seu emprego, seu dinheiro, mas sim a independência de achar que não precisa de ninguém.
O DEUS das pessoas agora é o EU. Primeiro EU. Segundo EU. Terceiro EU.
As pessoas andam tão estressadas com a vida que acham que a independência, se afastar das pessoas que mais as amam é o melhor caminho...
O amigo que citei nos primeiros parágrafos ficou um ano sem falar com pais. É filho único. Imagina a dor que esses pais sentiram? E eu vi a alegria deles ao receberem o filho de volta, não totalmente de volta porque ele ainda mora sozinho, mas agora sempre presente, num abraço, num beijo, num carinho. Gostaria tanto que as pessoas tivessem mais zelo pelos familiares. Eu sei que algumas vezes eles são chatos, mas, a vida sem eles é muito mais chata com certeza.
Sinto muita falta de amigos e parentes que preferem a comunicação a distancia: MSN, FACEBOOK, ORKUT, TWITTER, etc. Toda essa rede social que a maioria de nós utiliza todos os dias não pode virar vício. Comunico sim com aqueles amigos que moram longe e até com alguns tios e primos (que moram perto). Ficarei horas na internet conversando com as pessoas que moram distante, ou então, com aquele amigo ou parente que mora ao lado. Já vejo até gente morando na mesma casa que só se comunicam pelas redes sociais do computador. Cada um com seu computador em seu quarto. É né? Cadê o abraço? O aconchego? O EU TE AMO? Internet o tempo todo não dá. Eu prefiro mil vezes o contato humano. O computador nos isola e a gente nem nota isso. Não estou dizendo que o computador é inútil, isso não é mesmo. Mas estou falando do tempo que ficamos conectados. Ao invés de uma conversa no MSN, marque um encontro para um chá da tarde com o amigo ou parente. Não deixe o computador mandar em você. Separe um tempo para conversar com aqueles que moram longe e determine horários de uso na internet, tenho certeza que a vida ficará muito mais produtiva. A internet facilita a nossa vida, mas nos distancia das pessoas. Já estamos pagando as contas pela internet, compramos pela internet e a fila do banco, onde poderíamos estar conversando ou nos encontrando com alguém é deixada de lado, assim como as compras no shopping ou no supermercado. A Internet distancia as pessoas e nem notamos...
Essa facilidade, essa rapidez que as coisas acontecem nos estressa porque vivemos de cobranças todo o tempo. E o tempo passa...
Só sei que eu quero o melhor da vida: A família e os amigos bem pertinho, totalmente dependentes do AMOR de cada um. Eu dependo de DEUS e não do meu EU. Espero do fundo do coração que as pessoas em geral venham cair em si e viver a música: Abraça-me, de David Quinlam. “Quero ser como criança, te amar pelo que és, voltar a inocência, e acreditar em ti, sei que às vezes sou levado, pela vontade de crescer, torno-me independente, e deixo de simplesmente crer...” Que possamos crer em DEUS e não no EU. Que possamos viver DEPENTENTES de DEUS, e não INDEPENDENTES. Que possamos viver de contatos humanos e não isolamento. Que possamos acreditar na vida, nas pessoas... no AMOR. A todos desejo mais contatos humanos e que vigiem o tempo na internet.




Um comentário:

Anônimo disse...

1.Independência:

Um homem disse para uma criança:
- Menino seja, futuramente,como sou.

O menino:
-como?

O homem:
- Arquimilionário. Não precisará nem dependerá de ninguém.

O menino:
- tio; quem fez este botão que está na sua camisa?

O homem:
- Não sei. Comprei...

O menino:
- Moço; estão o senhor é dependente de quem fez o botão e precisa de quem o pregou.

O homem:
-Menino; voce tem razão. Quem lhe ensinou esta lição?

O menino:
-Nada respondeu. Sorriu e partiu.

O homem:
- Para o menino acenou...pensou e sua maneira de pensar mudou:"sou dependente". Concluiu.

2.Isolamento:

O homem isolado é alienado.Todavia, se o tempo der tempo ao tempo precisará de alguém para ficar ao seu lado.

3.Conexão:

Esta serviu de resposta para mim.
Fico tanto tempo à internet conectado que, sem perceber, estou deixando minha família de lado.

Obrigado! A partir de hoje serei um conectado "desconectado". Não posso ser um "viciado".No jogo da vida não possa perder o meu maior tesouro: a minha esposa e os meus filhos ao lado.

Até qualquer dia! Quando deixar de ser escravo da tecnologia.

Abraços fraternos, do amigo poeta,

Luiz Augusto da Silva - Olímpia -SP