terça-feira, 9 de outubro de 2012

Correr atrás do vento

Por Fernanda Santiago Valente

Às vezes lendo o livro de Eclesiastes da Bíblia, tenho a verdadeira impressão que somos um nada. O que é tão importante para nós? Corremos o tempo todo em busca de sonhos, e nisso inclui: trabalho, família, dinheiro, sucesso, viagens e por aí vai. Nossos sonhos são competitivos e passamos a maior parte do tempo tentando provar algo para o outro. 
Mergulhamos de cabeça no trabalho e ficamos sem tempo para a família.
Se escolhemos ficar com a família não temos uma boa posição ou qualificação para a sociedade.
Ajudar o próximo não é um segredo, mas sim uma vitrine para mostrar o que se fez.
Quando somos tolerantes somos vistos como tolos.
Toda nossa paciência fica esquecida quando raramente nos iramos.
A tal busca pela felicidade é um ponto de interrogação. Não existe felicidade plena, muito menos o equilíbrio.Queria saber onde encontrar o equilíbrio. Aquela sensação de ter um pouco de tudo. Mas não é assim. Se somos feliz no amor, as portas se fecham ao trabalho, se somos felizes no trabalho as portas se fecham ao amor. Ter tudo ao mesmo tempo é questão de equilíbrio ou sorte, talvez. 
Só sei que a gente passa por algumas etapas na vida que temos que decidir o que é realmente importante. Será que vale a pena largar a família para ir em busca de um trabalho tão sonhado? Não é correr atrás do vento? Não seria melhor um trabalho perto da família? 
As pessoas no trabalho sempre querem sentar na cadeira que você está sentado. E hoje, temos que segurar a cadeira porque a concorrência é grande e a competição chega a matar. Com a família, um abraço, um beijo, assistir um filme juntos, jogar conversa fora... ah, isso parece que é felicidade. Preparar uma comida caprichada, receber os amigos em casa, ou ficar sem fazer nada com seu bichinho de estimação.
Correr atrás do vento talvez seja se preocupar com sua reputação. Felicidade mesmo, talvez seja ver um filho nascendo, amamentá-lo e ensiná-lo a dar os primeiros passos...
Passos...
com risos e com a orientação de que não dá para ser feliz sem dar as mãos. Tudo o que é individual e prazer próprio é correr atrás do vento. 

Nenhum comentário: