Por Fernanda Santiago Valente
São eles os responsáveis por nos ensinar os primeiros passos, desenhar os primeiros rabiscos, escrever as primeiras letras. Eles são os nossos maiores fãs. Tenho excelentes recordações da primeira fase da minha infância. Foi com o meu pai que aprendi a desenhar e a escrever. Minha mãe era a responsável por me levar à escola. E uma das canções que não esquecerei é “O caderno”, de Toquinho, ela sempre cantava essa música.
Ontem, fazendo uma faxina nas coisas velhas, me deparei com vários cadernos antigos da minha infância, inclusive diários e desenhos. Quem mais para guardar essas coisas a não ser nossa mãe? Ela guardou muita coisa e eu, querendo jogar tudo no lixo.
A letra dessa música é muito marcante pra mim. É como se a minha mãe ou pai falasse: _Você vai crescer, mas não nos abandone!
Sou eu que vou seguir você
Do primeiro rabisco
Até o be-a-bá.
Em todos os desenhos
Coloridos vou estar
A casa, a montanha
Duas nuvens no céu
E um sol a sorrir no papel...
Sou eu que vou ser seu colega
Seus problemas ajudar a resolver
Te acompanhar nas provas
Bimestrais, você vai ver
Serei, de você, confidente fiel
Se seu pranto molhar meu papel...
Sou eu que vou ser seu amigo
Vou lhe dar abrigo
Se você quiser
Quando surgirem
Seus primeiros raios de mulher
A vida se abrirá
Num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel...
O que está escrito em mim
Comigo ficará guardado
Se lhe dá prazer
A vida segue sempre em frente
O que se há de fazer...
Só peço, à você
Um favor, se puder
Não me esqueça
Num canto qualquer...(2x)
Cresci com isso na cabeça. Meu pai faleceu quando e ainda era criança e senti de primeira que ele foi o primeiro a me abandonar. Não era a vontade dele fazer isso, mas se despediu de mim, pois sabia que não suportaria aquele câncer. Penso que por causa disso, tenho um zelo muito grande pela minha mãe e meu irmão. Me preocupo demais. O trecho da canção que diz: “Não me deixe jogado num canto qualquer” é o que mais me toca. É algo que carrego dentro de mim. Não querer perdê-los, mas hoje, ciente de que não posso segurar ninguém, simplesmente de uma forma ou de outra perdemos as pessoas que mais amamos. Quem Deus levará primeiro?
Um dia me disseram que eu teria que cortar os meus laços com eles. Pode ser. Hoje, só corto esses laços se eu encontrar alguém que queira ensinar os filhos a desenhar, a escrever... sabe aquele desenho com a casinha, nuvenzinhas e os bonequinhos representando uma família? Isso é essencial pra mim.
3 comentários:
que linda postagem... o que seria de nós sem os nossos pais que intercedem para Deus pela nossas vidas?
amei seu blog.
parabéns
Olá, prezada poetisa.Bom dia!!!
Fascinante...
Comovente...
Envolvente...
Nunca rasguemos
o "papel"...:
É o maior tesouro
Que os nossos pais
Deixam prá gente!
Avante!!!Em frente!!!
Luiz Augusto da Silva
Olímpia - São Paulo
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