Por Fernanda Santiago Valente
José Eduardo Agualusa |
A paixão por suas raízes culturais é o que o escritor angolano José Eduardo Agualusa e o escritor brasileiro Nei Lopes tem em comum. A África, logo ali. (um dos temas da Tarrafa Literária, que aconteceu em Santos.) É mais coeso dizer que a África é bem aqui, embasada através de raízes, comportamentos que adquirimos pelos nossos ancestrais. Escrever requer conhecimento e curiosidade. Quanto mais conhecemos, mais imaginamos. E assim, estamos preparados para contar uma excelente história.
Nei Lopes |
Para esses escritores, não importa se os personagens são fictícios, mas sim o conteúdo e a realidade histórica que vão transmitir ao leitor. Enquanto Agualusa aproveita histórias e personagens de outros autores, como Eça de Queiroz, para incrementar e dar vida aos seus textos, Nei Lopes brinca com as palavras, buscando a cada dia novos significados. O angolano consegue transformar uma lagartixa no principal personagem de uma história, dando vida aos seus pensamentos. Enquanto isso, Nei estuda toda a história africana que passou e passa pelo nordeste e Rio de Janeiro. Ele vai em busca dos orixás, dos ritmos, das palavras, das cores. Para ele, escrever é compor uma música. O texto é poético.
Agualusa percorre o mundo das personalidades e personagens do movimento abolicionista. Percorre a luta da abolição em Angola. Suas histórias literárias abrem espaço para adaptações de novelas e filmes. O que faz isso acontecer é a riqueza de informação, é o viver a cultura que ama. Assim é também com Nei Lopes que esbanja beleza às mulheres negras, compõe o samba e canta com a alma a história que vive e estudou. Para ele, é um encontro com Deus.
Observar os dois escritores explicando suas vidas e suas obras é perceber que é necessário vivenciar algo. Ambos constroem suas histórias através da paixão que tem por suas raízes. E é exatamente essa paixão que nos transmite a curiosidade de conhecer a história. Escritores não são aqueles que escrevem um simples lide, mas sim aqueles que tem histórias para enriquecer seus personagens. É assim que criamos. Se eu quero escrever sobre Deus, tenho que ter paixão por ELE e fazer de tudo para conhecê-lo, imaginando-o, refazendo-o. Escrever é contar, analisar, sentir, perceber, detalhar tudo aquilo que se vive!
Saiba mais sobre os escritores: http://www.agualusa.info/
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